26 de novembro de 2020

O paradoxo da liderança ágil

Pollyanna Cavalcanti

Muito tem se falado sobre liderança ágil. Entretanto, poucas definições me chamam tanto a atenção quanto a do Simon Hayward, quando ele afirma logo na primeira página de seu livro, The Agile Leader, que: “Líderes ágeis são líderes conectados. Eles sabem como se conectar com seus times, clientes, parceiros e demais stakeholders.”

Sim, todos sabemos a importância de estarmos conectados com os diversos públicos com os quais nos relacionamos diariamente, mas o que isso tem a ver com um modelo de liderança ágil?

Primeiramente, é preciso entender por que esse estilo de liderança é tão importante nos dias de hoje.

A tecnologia tem transformado o comportamento humano e a forma como nos relacionamos. Vivemos em um mundo cada vez mais digital, e somos desafiados diariamente a nos adaptarmos a todas as mudanças que acontecem ao nosso redor.
Ou seja, se quisermos construir organizações e negócios capazes de obter sucesso neste ambiente de constante transformação e instabilidade, precisamos adaptar nossa forma de liderar.

O paradoxo da liderança ágil

Hayward afirma que existe um paradoxo na liderança ágil, que deve ser tanto facilitadora quanto disruptiva. Explico:

No papel de facilitadores, ser um líder ágil significa antes de mais nada, criar um forte senso de propósito, empoderar as pessoas e abrir caminhos, construindo assim uma organização conectada.

Do lado disruptivo, é questionar o “status que”, buscar e estimular novas formas de solucionar problemas pensando em promover experiências únicas aos seus clientes e na sobrevivência da organização. É a capacidade de identificar e responder rapidamente a ameaças e desafios que surgem diariamente, assumir riscos, sem perder de vista a visão estratégica do negócio e as ações planejadas para o alcance dos resultados desejados.

Por onde começar?

Sem nenhuma pretensão de tornar este artigo uma receita de bolo e nem tão pouco esgotar o assunto, listei dois fatores que acredito serem essenciais no processo de transformação dos modelos de liderança:

  • Defina o propósito e a estratégia com o time

Organizações ágeis envolvem os times em suas discussões. Usam princípios e práticas ágeis para definir a estratégia e seu modelo de negócio. Reduzem camadas, estimulam a transparência um modelo de governança mais enxuto.

  • Construa uma cultura ágil

Talvez esse seja o ponto mais desafiador no processo de transformação. Para se moldar uma nova cultura, a liderança precisa promover interações, inspirar e incorporar o aprendizado as atividades diárias. Deve abrir mão das “certezas” e se permitir explorar o desconhecido. O mindset reativo pressupõe que para se tomar uma decisão, não se pode perder, tem que se ter o controle o tempo inteiro e replicar os acertos do passado.

Em resumo – Para se tornar um líder ágil, é preciso abrir mão das certezas e dar espaço à inovação, permitindo a diversidade dos pensamentos e experimentando novas formas de atuação.
A lista continuaria. Mas vamos deixar espaço para nossa próxima conversa.

Referências:
Hayward, Simon , 2018, The Agile Leader
Leading agile transformation: The new capabilities leaders need to build 21st-century organizations – McKinsey & Co