Trabalho híbrido: reconstruindo relações
Pollyanna Cavalcanti
Nove em cada 10 organizações pretendem combinar o trabalho remoto com o presencial, de acordo com uma pesquisa realizada pela Mckinsey¹ em janeiro de 2021.
O que podemos esperar desse novo cenário que já está acontecendo e se tornará cada vez mais comum? Quais os pontos de atenção que as lideranças devem ter na reestruturação dos modelos de trabalho? Por fim, quais as medidas que as empresas precisam adotar para que este formato seja favorável aos relacionamentos com suas equipes, garantindo assim melhores resultados?
Da euforia ao dilema da cultura organizacional
Antes de mais nada, é preciso entendermos o que está por trás do conceito do trabalho híbrido. Não estamos simplesmente falando de alternar dias da semana entre casa e escritório.
Durante os primeiros meses da pandemia, todos nós fomos obrigados a reorganizar nossa forma de trabalhar. Muitos hesitaram, mas a adesão ao Home Office deixou de ser uma opção e passou a ser algo necessário.
Passados os primeiros momentos de euforia (e correria) para ser estabelecer novas práticas de gestão e iniciativas de aproximação, percebeu-se que a tão temida “queda de produtividade” não aconteceu. Ao contrário – as pessoas nunca trabalharam tanto. Além stress e fadiga (assuntos para um novo artigo), o resultado disso foi um boom de reportagens sobre as empresas que pretendiam adotar o Home office definitivamente.
Mais alguns meses se passaram, e novamente, nos vimos diante de um novo dilema: seria esse modelo mesmo o mais adequado?
A importância de se “reconstruir”
Recentemente Tim Cook, CEO da Apple afirmou que não via a hora de encher os escritórios da empresa novamente, e a Microsoft também disse já estar desenhando um modelo híbrido para que os seus colaboradores voltem a trabalhar presencialmente alguns dias da semana.
Embora os ganhos do trabalho remoto sejam indiscutíveis, o que essas decisões têm em comum? Uma necessidade clara de se preservar a cultura e a colaboração através das interações pessoais.
Embora pareça algo simples, o modelo híbrido traz alguns desafios que não podem passar desapercebidos pelas lideranças. O economista Nicholas Bloom, de Stanford, cita dois pontos de atenção:
1) Experiências diferentes dos colaboradores que trabalham de casa e no escritório
2) Equidade de gênero – a maioria das pessoas que preferem trabalhar remoto, são mulheres com filhos pequenos em casa
O primeiro passo para se reconstruir as relações no modelo híbrido é entender que embora não exista receita de bolo, algumas medidas podem ser adotadas para se encontrar um caminho que gere satisfação e resultado:
– Envolver as pessoas na construção dos novos modelos de trabalho, buscando alternativas para garantir cada vez mais conexão e colaboração entre as mesmas;
– Construir políticas que garantam ambientes cada vez mais diversos.
Por fim, mas não mesmo importante: preparar e empoderar suas lideranças para esta nova fase, entendendo que cada vez mais, o olhar individualizado para as pessoas fará toda a diferença.
https://hbr.org/2021/06/5-myths-about-flexible-work
https://www.gallup.com/workplace/349772/going-back-work-office-worth.aspx